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Vestibular do ITA: tudo que o candidato precisa saber antes da prova.

 

Vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica é considerado um dos mais difíceis do Brasil e exige preparação diferenciada.

 

São Paulo, outubro de 2025 - Poucos vestibulares nacionais reúnem tanto prestígio, concorrência e exigência acadêmica quanto o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Localizado em São José dos Campos (SP), o ITA foi criado em 1950 com a missão de formar engenheiros de excelência para a área aeroespacial e de defesa, e ao longo das décadas consolidou-se como uma das instituições mais respeitadas da América Latina em ciência e tecnologia. Não por acaso, é frequentemente comparado ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, tanto pelo rigor acadêmico quanto pelo impacto que seus ex-alunos exercem na indústria, no setor público e na pesquisa.

 

Conquistar uma vaga, no entanto, é tarefa árdua. O vestibular do ITA é um dos mais concorridos do Brasil. Milhares de estudantes de todo o país concorrem a apenas 150 vagas em cursos de engenharia, com média histórica de 54 candidatos disputando por vaga. Além disso, diferentemente de muitas universidades, o ITA não aceita a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como forma de ingresso. Isso torna a seleção ainda mais restrita, focada exclusivamente no desempenho do candidato no vestibular do instituto. Em 2025, a primeira fase do vestibular acontece em 5 de outubro de 2025. A segunda fase acontece entre os dias 28 e 31 de outubro, em quatro dias de provas dissertativas.

 

Segundo Conrado Jensen Teixeira, professor de Matemática e Finanças da Escola Internacional de Alphaville, o desafio vai além do conteúdo: “O vestibular do ITA não se limita a verificar se o aluno memorizou fórmulas. Ele avalia a capacidade de raciocinar, aplicar conceitos de maneira integrada e propor soluções criativas. É um processo que exige profundidade, organização mental e resistência emocional”.

 

Como é o curso e os benefícios de estudar no ITA

Do 1º ao 2º ano, todos os alunos do ITA cursam o chamado Curso Fundamental, uma etapa comum que reúne disciplinas de base em matemática, física, química, computação e humanidades, garantindo uma formação sólida e nivelada para todos. Já do 3º ao 5º ano, cada estudante segue para o Curso Profissional, quando escolhe sua especialização entre as seis engenharias oferecidas pela instituição: Engenharia Aeronáutica, Engenharia Aeroespacial, Engenharia Civil-Aeronáutica, Engenharia de Computação, Engenharia Eletrônica e Engenharia Mecânica-Aeronáutica. Essa estrutura permite ao aluno amadurecer sua escolha e se preparar de maneira aprofundada para atuar em áreas estratégicas da ciência e da tecnologia.

 

O esforço para conquistar uma vaga compensa. Além da excelência acadêmica, o ITA oferece benefícios que vão muito além da sala de aula. O estudante que optar por seguir a carreira militar, incorporando-se como oficial da Força Aérea Brasileira, tem acesso a estabilidade e bons salários. Para os que escolhem a carreira militar, há remuneração desde o início da graduação: durante os dois primeiros anos do curso, o valor recebido é de cerca de R$ 1.650,00 por mês. Do terceiro ao quinto ano, já como aspirante a oficial, a remuneração pode chegar a R$ 11.200,00. Após a formatura, o engenheiro ingressa como 1º tenente da Aeronáutica, com salário inicial em torno de R$ 14.500,00.

 

Já para os alunos que optam pela carreira civil, não há remuneração durante os cinco anos da graduação. Ainda assim, o ITA garante uma formação gratuita e de excelência, com acesso completo às aulas, laboratórios e restaurantes do campus sem custos. Caso o estudante opte por residir no alojamento da instituição, paga apenas uma taxa simbólica de manutenção, bastante inferior ao valor de mercado. Essa estrutura permite que o aluno se dedique integralmente aos estudos, com foco exclusivo na formação acadêmica e na preparação para uma carreira de alto nível no setor privado ou em centros de pesquisa no Brasil e no exterior.

 

Empresas de tecnologia, centros de pesquisa e startups valorizam a formação do instituto, reconhecido pelo rigor técnico e pela capacidade de formar lideranças. “O currículo do ITA é um diferencial que acompanha o profissional por toda a vida. Trata-se de uma marca de excelência que desperta a atenção de empresas nacionais e internacionais. Muitos ex-alunos seguem carreiras brilhantes tanto em grandes corporações quanto no empreendedorismo tecnológico”, destaca Conrado.

 

Como funciona o vestibular

O processo seletivo é dividido em duas fases. A primeira, de caráter eliminatório, reúne 60 questões de múltipla escolha, distribuídas entre Física, Química, Matemática, Português e Inglês (12 perguntas para cada disciplina). Cada disciplina tem peso relevante, e os candidatos precisam manter um bom equilíbrio de desempenho para avançar. A primeira fase do vestibular do ITA é decisiva: além de ser classificatória, a pontuação tem peso de aproximadamente 25% na nota final do candidato, influenciando diretamente o resultado da seleção.

 

Já a segunda fase é ainda mais desafiadora: são quatro dias de provas dissertativas, compostas por 10 perguntas que contemplam Matemática, Física e Química, além de uma redação. Nessas provas, o candidato não pode apenas chegar ao resultado: é necessário demonstrar passo a passo o raciocínio utilizado, justificar as escolhas e apresentar clareza na organização lógica. A segunda fase do vestibular tem peso de aproximadamente 75% da nota final do candidato.

 

“As questões objetivas já exigem muito porque abordam situações complexas, que integram mais de um conceito por vez. Mas na fase dissertativa o nível de detalhamento é ainda maior. Não basta saber a fórmula, é preciso mostrar como se chega ao resultado”, ressalta o professor.

 

Conteúdos cobrados no vestibular do ITA

Abaixo, o professora da Escola Internacional de Alphaville elenca o que é cobrado em cada disciplina.

 

Física: a prova exige muito mais do que a aplicação de fórmulas. Os candidatos devem demonstrar um entendimento profundo dos princípios da mecânica (cinemática, dinâmica, estática, gravitação), termodinâmica, óptica, ondulatória, eletromagnetismo e física moderna. As questões frequentemente envolvem a integração de vários conceitos em um único problema, exigindo raciocínio lógico e capacidade de modelagem matemática para situações complexas.

 

Química: o exame aborda a química de forma ampla e interligada. São cobrados tópicos de físico-química (termodinâmica, cinética, equilíbrio, eletroquímica), química geral (estrutura atômica, periodicidade, ligações) e química orgânica (reações, mecanismos, identificação de funções e propriedades). A prova valoriza a capacidade de prever o comportamento de reações, interpretar dados experimentais e realizar cálculos precisos com unidades e constantes fundamentais.

 

Matemática: é a disciplina com maior peso e um dos maiores desafios. O conteúdo inclui álgebra (polinômios, números complexos, matrizes), geometria (analítica, espacial e plana), trigonometria, análise combinatória, probabilidade e cálculo. As questões são conhecidas por sua originalidade e alto grau de dificuldade, demandando criatividade, rigor lógico na demonstração de teoremas e propriedades, e domínio de técnicas de prova.

 

Português e Literatura: além do domínio da gramática e da norma culta, a prova testa a capacidade de interpretação de textos complexos e a familiaridade com as obras literárias. A análise exige que o candidato relacione as leituras a contextos históricos, sociais e estéticos.

 

Inglês: a avaliação foca na compreensão de textos autênticos, retirados de veículos de imprensa internacional, artigos acadêmicos e literatura. As questões testam vocabulário, capacidade de inferência, identificação de argumentos e pontos de vista do autor. Não é uma prova de gramática tradutória, mas de leitura e interpretação crítica em língua inglesa.

 

Estratégias para cada tipo de prova

O professor explica que, na parte de múltipla escolha, uma boa estratégia é treinar com provas anteriores para identificar padrões de cobrança e evitar “armadilhas” das alternativas. “O ITA costuma propor situações que testam a atenção do candidato. Muitas vezes, duas ou três alternativas parecem plausíveis, e só quem domina o raciocínio até o fim consegue identificar a correta”, diz o professor.

 

Já nas provas dissertativas, o segredo é treinar a escrita matemática e científica. “Os corretores valorizam a clareza na exposição. Mostrar cálculos organizados, indicar hipóteses assumidas e estruturar as soluções em etapas são práticas que garantem pontos importantes. O aluno precisa encarar cada resposta como um pequeno relatório técnico”, aconselha.

 

A redação do ITA

A redação é outro ponto crítico. O modelo cobrado é sempre dissertativo-argumentativo, com extensão mínima de 25 e máxima de 35 linhas. Os critérios avaliativos envolvem coerência, coesão, domínio da norma culta e, principalmente, aderência ao tema.

 

No vestibular de 2024, por exemplo, os candidatos tiveram que refletir sobre a “Responsabilidade da engenharia frente aos problemas do mundo contemporâneo”. O enunciado vem acompanhado de uma coletânea de textos de apoio, mas cabe ao candidato articular conhecimentos de mundo, atualidades e argumentação crítica para sustentar seu ponto de vista.

 

“Não adianta decorar frases prontas. O avaliador percebe quando o repertório não dialoga com a proposta. O que se espera é originalidade, clareza de ideias e uma visão crítica atualizada”, explica Conrado.

 

Controle emocional é um diferencial

Além do preparo técnico, os candidatos precisam estar atentos ao fator emocional. O vestibular do ITA é longo, aplicado em dias consecutivos, com questões extensas e alto nível de exigência. A ansiedade e o cansaço podem comprometer o desempenho.

 

“Recomendo que os estudantes simulem as condições reais da prova em casa, tanto em termos de tempo quanto de pressão. Também é fundamental manter uma rotina saudável de sono, alimentação e pausas estratégicas. Controlar o nervosismo é tão decisivo quanto acertar uma questão de Física ou Matemática”, afirma o/a docente da Escola Internacional de Alphaville.

 

“Mais do que uma prova, o vestibular do ITA é um processo que testa o estudante em múltiplas dimensões: conhecimento, raciocínio lógico, capacidade de comunicação e equilíbrio emocional. Quem se preparou com seriedade descobre que, independentemente do resultado, já sai desse caminho muito mais maduro”, conclui.

 

Henrique Dias, coordenador pedagógico do Brazilian International School, complementa: “Em avaliações tão exigentes quanto o vestibular do ITA, não basta dominar os conteúdos. O candidato precisa aprender a usar sua energia mental de forma estratégica, equilibrando foco e descanso. Saber gerir a atenção, preservar a clareza de raciocínio ao longo dos dias e cuidar da estabilidade emocional é tão importante quanto revisar fórmulas ou treinar redações. Uma boa preparação deve contemplar corpo, mente e conhecimento”.